“Penso em poder atuar melhor na minha militância porque eu também faço parte do Movimento Sem Terra(MST). Chegando no estado já vou começar no setor de Direitos Humanos”, conta a educanda Elis Lima.
“A minha vinda para o Curso é resultado de uma demanda dos camponeses que diz respeito à necessidade de ter alguém que cuide dos processos e das questões de defesa dos trabalhadores(as), compreendendo a importância que é a advocacia popular. O Curso vai cumprir esse papel importante para contribuir na defesa desses Movimentos e desses povos do campo, que têm sofrido muito a pressão do agronegócio e de vários outros interesses”, revela o educando Marcos Bandeira.
“Eu me orgulho de fazer parte de uma turma de Direito voltado às comunidades que historicamente não têm acesso a um Curso de Direito. Atualmente os que existem são voltados para os interesses dos latifundiários(as), dos(as) grandes empresários. Então eu acredito que é uma turma importante, pois vamos sair formados(as) com uma carga social muito grande e em defesa da sociedade”, destaca o educando Adriano Portílio.
“Nossa turma traz um novo método dos alunos e alunas chegarem na Universidade, porque a partir desse momento a gente tem um elo não tão individualista como as turmas de Direitos atuais, mas um elo de coletividade”, revela o educando Kaio Samuel.
“Para mim é uma necessidade da minha comunidade e de muitas do Brasil, de termos esse acompanhamento jurídico nos processos, quer seja do MST, da CONTAG, de qualquer organização social, da classe trabalhadora em geral. Vislumbro voltar para minha base onde fui criado e ajudar nesses processos”, afirma o educando, João Riva.
“O Curso me permitiu o ingresso em uma Universidade Pública, o que geralmente é muito difícil da gente entrar, sobretudo quem vem da realidade do campo. A alternância entre comunidade e a Universidade permite um melhor aprendizado e consequentemente uma forma de melhor aplicar o nosso aprendizado do Direito na nossa realidade do campo”, Sara Alves, educanda.
“O curso de Direito é um curso fundamental para nós camponeses(as) do Brasil, pois é uma área que historicamente os filhos dos pobres e dos camponeses não tiveram acesso. Então com muita luta e organização os movimentos populares, sociais e sindicais, conquistamos essa parceria com a Universidade, para desenvolver turmas voltadas para o campesinato brasileiro. Isso é fundamental, pois acredito que precisamos cada vez mais estarmos inseridos(as) nessas áreas que nunca foram prioridade para nós da classe trabalhadora e sendo nós agentes de direito, temos hoje muito mais condições de defender a nossa situação de assentados(as), de campesinatos por entender na pele e por viver cotidianamente os desafios das questões agrárias e agrícolas nesse País”, revela a educanda Rosângela Pivisane.
Com olhar de quem é assentado da reforma agrária e tem militância nos movimentos populares, o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, que também é educando da 2ª turma de Direito pelo PRONERA na Regional da UFG, Willian Clementino Matias, sabe muito bem do significado político da conquista do Curso de Direito específico para filhas(os) de trabalhadores e trabalhadores(as) rurais.
“Quero aqui refletir sobre a importância do curso de Direito para Assentados(as) da Reforma Agrária e Agricultores(as) Familiares. Esse Curso por si só já uma conquista, e essa conquista tende a se ampliar, pois após o Curso, nós daremos seguimento a nossas atividades políticas e representativas dos movimentos sociais, juntando nosso conhecimento popular e empírico, com o conhecimento científico, baseado e aprofundado nas questões sociais do nosso Brasil, para assim, podermos fazer de fato o bom combate na defesa da Reforma Agrária, na defesa de um modelo de produção com base na agroecologia, na defesa de uma sociedade do campo e da cidade com a inclusão de fato de jovens e crianças e, sobretudo das companheiras mulheres. Assim, o Curso de Direito é fundamental para dar conta de uma lacuna pendente que tem os movimentos sociais, que é de poder juntar os dois conhecimentos e, afirmar o verdadeiro sentido do Direito para a sociedade, sobretudo, para os(as) camponeses(as) que vivem à margem desse direito”, ressalta em tom otimista.
E como foi apresentado na mística de abertura do bate papo com os(as) educandos(as): “Ensine… que um povo não se mata como não se mata o mar… Sonho não se mata como não se mata o mar… A alegria não se mata como não se mata o mar… A esperança não se mata, como não se mata o mar e sua dança”. Fica para CONTAG e para todos os movimentos sociais que atuam em defesa dos direitos dos homens e mulheres do campo, o desafio de seguir com as bandeiras hasteadas e o grito na garganta, por um meio rural com perspectiva de um futuro digno.
“Como é bom acompanhar cada depoimento trazido por vocês, que nos apontam para seguirmos sonhando pela interiorização das universidades e Institutos Federais. Seguirmos sonhando por um Brasil que contemple as milhares de famílias que vivem no campo, na perspectiva de terem melhor estudo para seus filhos(as). Uma Universidade que respeita regime de alternância dos tempos de estudos e experiências com currículos pautados na realidade, cultura e luta dos povos do campo. Assim, estaremos fortalecendo assim a Reforma Agrária”, afirma o secretário de Política Agrária da CONTAG, Zenildo Xavier.
“Saímos daqui muito mais convictos e conscientes que cada vez mais precisamos fortalecer nossos laços de construção coletiva, em unidade com os movimentos sociais para continuar lutando junto ao MEC e PRONERA no sentido de garantir educação do no ambiente acadêmico, com respeito as especificidades do meio rural. Levamos em consideração o cenário posto atualmente é ainda mais desafiador, pois com um provável Governo de Direita que deve assumir, nossa luta será ainda mais dura. Mas, deixamos claro aqui que a CONTAG continuará implementando a bandeira da educação do campo, pois a turma deixou claro, que a Confederação é fundamental nessa luta!”, destaca emocionado o secretário de Políticas Sociais da CONTAG, José Wilson.