“Há formas diferentes de ver o acordo ortográfico”
O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português considera que existem “formas diferentes” de ver o Acordo Ortográfico, mas, em vez da “dessintonia” na adesão ao novo instrumento da língua, prefere destacar o seu valor econômico.
Francisco Almeida Leite, que regressa hoje a Portugal, após uma visita oficial de cinco dias a Angola, a primeira na qualidade de membro do Governo que passou a integrar em abril passado, disse, em entrevista à Lusa, que a língua portuguesa não é propriedade de Portugal.
“A língua portuguesa não é de Portugal. Neste momento, é desta comunidade de 250 milhões de falantes de português”, frisou, à pergunta sobre se acredita que Angola venha a ratificar o Acordo Ortográfico até 2015, como prometeu há dias, em Lisboa, a Presidente brasileira, Dilma Rousseff.
Para Francisco Almeida Leite, “cada Estado tem o seu tempo. Há maturações diferentes, há formas de ver o Acordo Ortográfico diferentes, mas há sobretudo uma comunhão enorme de que o português nos une. E o que retiro daqui é que o português tem um valor económico enorme. Considerável. Todos os Estados já perceberam isso e estão a apostar nisso”, considerou.
A importância económica da língua é aferida pela ideia de que tem subjacente “um mercado com um potencial muito grande para as exportações”, salientou.
“Para as importações também. Nós vamos apostar nisso, mais do que essa dessintonia em termos temporais de adesão ao Acordo Ortográfico. Isso, neste momento, não é o principal”, defendeu.
Durante a estada em Angola, o secretário de Estado debateu com as autoridades angolanas a extensão do programa Saber Mais, projeto de formação e capacitação de professores angolanos, que já formou mais de 1.800 docentes.
Dos 200 professores portugueses prometidos aquando do arranque do projeto, em setembro de 2009, encontram-se somente 25, distribuídos pelas províncias de Benguela, Cabinda e Namibe.
O objetivo é aumentar o número de professores portugueses e alargar a mais províncias de Angola.
“Este projeto tem várias fases. Estamos só na primeira. Acredito que nos próximos anos esse objetivo de 200 professores vai ser alcançado. A próxima fase do Saber Mais vai ser agora programada com o Ministério da Educação de Angola e a Cooperação Portuguesa”, disse.
Todavia, as novas fases do projeto deverão ter “algumas novidades”, no que Francisco Almeida Leite designou como “um novo registo, mais tecnológico, mais ‘e-learning’, com o envolvimento do setor privado”.
Francisco Almeida Leite incluiu a Escola Portuguesa de Luanda no seu programa de visitas e defendeu a participação de empresas portuguesas e angolanas no processo de ampliação prevista.
“É uma escola de excelência, que devia estar a servir neste momento 900 alunos e tem matriculados 1.724. Está com a capacidade no dobro”, destacou.
Para o próximo ano letivo a lista de espera já ultrapassa as mil pré-inscrições.
O projeto de ampliação, disse, envolve um “grande investimento”.
“Pode envolver muitos milhões de euros. Vamos fazer isto com calma. Com apoio do setor privado. Há empresas portuguesas e empresas de direito angolano que estão envolvidas no esforço de capacitação, quer oferecendo equipamentos ou infraestruturas”, concluiu.
Fonte: DN Portugal
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