Primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas inicia em Palmas-TO dia 23
Evento acontece em meio a denúncias de genocídio de indígenas no estado do Mato Grosso do Sul, manifestações de indígenas no Congresso Nacional contra o descaso das autoridades e as atrocidades cometidas contra as populações indígenas, além das críticas à política do governo sobre a demarcação de terras e a presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, no processo de organização do evento, o que acarretou a recusa das etnias Kraô, Apinajé e Guarani-Kaiowá em participar dos jogos.
Palmas está em fase final de preparação para receber Jogos Mundiais Indígenas
Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil
A cidade de Palmas, no Tocantins, está em fase final de preparação para receber os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI). A competição foi lançada em junho pela presidenta Dilma Rousseff, em Brasília, e está em fase final de montagem das estruturas para receber os atletas. O evento ocorre entre os dias 23 de outubro e 1º de novembro e vai reunir 23 povos nacionais e grupos indígenas de 22 países.
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À Agência Brasil, o Comitê Nacional Executivo dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (CNE) informou que tudo estará pronto a tempo. “O que está em andamento agora são as estruturas provisórias dos jogos, que estão todas dentro do cronograma, em fase de acabamento fino”, divulgou a assessoria de imprensa do CNE.
Para a realização dos jogos, o ministério do esporte firmou um acordo de cooperação técnica com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) para o investimento de até US$ 13 milhões. Com a prefeitura de Palmas, o ministério firmou um convênio para investir R$ 4,2 milhões.
A principal estrutura para a prática das modalidades é a Arena Verde, que concentrará grande parte das modalidades e tem capacidade para cerca de 10 mil pessoas.
Mas os jogos vão além do esporte e será uma oportunidade de troca cultural entre todos os participantes. Para isso, foram criadas a Oca da Sabedoria, a Feira de Artes Indígenas e a Feira da Agricultura. Esses espaços receberão comércio de artesanato e alimentação indígena, além de contar com apresentações culturais, palestras e debates.
A cidade espera receber cerca de 2 mil atletas indígenas do Brasil e do exterior. As etnias nacionais ficarão alojadas na Aldeia Okara, formada por 24 ocas. Já os indígenas estrangeiros serão acomodados em escolas de tempo integral da cidade. Segundo a secretaria municipal criada especificamente para tratar dos jogos, são esperados 10 mil turistas nas duas semanas de jogos.
Para ajudar os turistas nos deslocamentos em Palmas, a organização dos jogos criou o aplicativo para celular JMPI Guia Tocantins, disponível gratuitamente na Google Play e na Apple Store. O aplicativo mostra a localização de pontos importantes da cidade. Além disso, a organização dos jogos treinou 350 voluntários para trabalhar no evento.
Desistências
Depois da decisão das etnias Kraô e Apinajé de se recusarem a participar dos jogos, foi a vez de os guaranis-kaiowás desistirem da competição. As justificativas são as críticas à política do governo sobre a demarcação de terras e a presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, no processo de organização do evento.
“Enquanto o Brasil joga com o agronegócio e promove jogos para ‘gringo ver’, nossas terras têm seus estudos e processos de demarcação paralisados e são revisadas, diminuídas e suspensas pelo Executivo, Legislativo e Judiciário”, diz um trecho da Moção de Repúdio dos guaranis-Kaiowás. “O único jogo que jogaremos será o de recuperar os nossos territórios”, acrescenta a nota.
Edição: Talita Cavalcante
Fonte: Agência Brasil