10ª Bienal do Mercosul ganha perfil geopolítico com viagens de pesquisa pela América Latina
10ª Bienal do Mercosul ganha perfil geopolítico com viagens de pesquisa pela América Latina
Pela primeira vez, a mostra de arte contemporânea se concentrará especialmente na arte dos países da América Central. Evento ocorre de setembro a novembro
por Francisco Dalcol
Um mapa começa a ser desenhado no território da América Latina com as viagens dos curadores da 10ª Bienal do Mercosul aos países de onde virão as obras a serem apresentadas entre setembro e novembro, em Porto Alegre. Além do Brasil e das nações vizinhas, pela primeira vez a mostra de arte contemporânea se concentrará especialmente na América Central.
Depois de um movimento de internacionalização das últimas edições, que resultou na inclusão de países de outros continentes, esta Bienal delimita seu território na América Latina para demarcar o lugar da arte desses países no cenário mundial. E assim retoma o projeto geopolítico que marcou primeira edição, em 1997.
– A partir de uma determinação geográfica, queremos salientar as contribuições que a arte da América Latina vem dando e ainda pode dar à produção internacional. Acreditamos que essa disposição política é a vocação da Bienal do Mercosul – diz o curador-chefe, Gaudêncio Fidelis.
Iniciadas em novembro, as viagens de pesquisa seguirão nos próximos meses. Em cada destino, os curadores têm realizado encontros nos principais museus dos países e em instituições de arte e educação. O objetivo é apresentar o projeto desta edição, chamado Mensagens de uma Nova América, e selecionar obras que farão parte das oito exposições.
– Não são viagens de descoberta, mas para averiguar e buscar trabalhos importantes e que ainda não ganharam a atenção e a legibilidade que merecem, tanto dentro de seus países quanto internacionalmente – explica Fidelis.
O mapa da 10ª Bienal do Mercosul
Desde o fim do ano passado, os curadores estão fazendo viagens para promover encontros em instituições e espaços de arte e educação. O objetivo é apresentar o projeto desta edição, chamado Mensagens de uma Nova América, e pesquisar a produção dos países para selecionar obras a serem apresentadas durante a Bienal em Porto Alegre.
O curador prefere ainda não revelar nomes, mas antecipa que as exposições serão elaboradas a partir de obras realizadas desde o fim do século 18 até a atualidade. Ou seja, a 10ª Bienal não terá projetos especialmente encomendados ou trabalhos experimentais que valorizam o processo. O objetivo de dar visibilidade à produção histórica e recente da América Latina se dá em um momento em que a arte periférica desses países passa por uma nova onda de interesse dos grandes centros artísticos na Europa e nos EUA.
– Teremos obras conhecidas e outras mais à margem. Queremos propor deslocamentos de seus contextos originais e de leituras cristalizadas da história da arte para que sejam vistas de outras maneiras. Essencialmente, será uma Bienal contemporânea, dando conta de um vasto arco histórico. Não haverá novidades ou excentricidades, mas as exposições serão muito críticas aos modelos que abordam a arte da América Latina – diz Fidelis.
Na 9ª Bienal do Mercosul, em 2013, um comentário tanto do público geral quanto do especializado foi de que havia pouco o que ver em tantos espaços. Sem comparar seu projeto curatorial ao anterior, Fidelis garante que a mostra deste ano, que tem previsão de orçamento igual à da última edição, de R$ 12,5 milhões, será representativa em quantidade de obras:
– Para uma densidade artística, é preciso um grande número de obras. Teremos um conjunto de produções que acreditamos que forme uma exposição significativa. Mas queremos abandonar a ideia de que bienais são feitas com listas de artistas que resultam em exposições.
Gaudêncio Fidelis, curador-chefe da 10ª Bienal do Mercosul, fala sobre a exposição e convida o público (Imagens: Francisco Dalcol/Agência RBS):
Países que estão sendo visitados
- Argentina
- Chile
- Colômbia
- Costa Rica
- Cuba
- Equador
- El Salvador
- Guatemala
- Jamaica
- México
- Paraguai
- Porto Rico
- República Dominicana
- Venezuela
Os curadores
- Gaudêncio Fidelis (Brasil, curador-chefe)
- Márcio Tavares (Brasil, curador adjunto)
- Ana Zavadil (Brasil, curadora assistente)
- Fernando Davis (Argentina, curador assistente)
- Ramón Castillo Inostroza (Chile, curador assistente)
- Raphael Fonseca (Brasil, curador assistente)
- Carmen Cebreros Urzaiz (México, curadora assistente)
- Regina Teixeira de Barros (Brasil, curadora assistente)
- Cristián G. Gallegos (Chile, curador do projeto educativo)
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Fonte: Zero Hora
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